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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Descarneamento de um pensamento eficaz

Era quase hora de almoço e eu tremia, de angústia e raiva que me enchiam o peito de uma forma gélida e estranha.

Já quase que não sentia a possibilidade de poder ser louco e falhar a única missão que tenho e sofrer no único problema que me corrói davam-me um constrangimento imenso. Até que já quase sem me ver desprendo-me pelas escadas e vou andando a olhar para o chão. Sinto em cada passo, o abismo mais fundo. Contudo não abrando. Sigo um pouco mais em frente e paro. Olho o céu sem saber bem porquê, e vejo entre as duas portas de vidro entreabertas as nuvens sombrias e escuras que se movem com a astúcia do vento. Não era de todo a minha intenção ter o pensamento estranho de como seria se fosse eu aquelas nuvens, ali naquele céu tão tenebrosamente morto a olhar todo o mundo com a raiva que o meu olhar continha.

Até que estranhamente tudo muda: vejo das nuvens uma paragem repentina como do meu coração um abrandamento cardíaco, e o frio que eu ali sentira era agora um arrepio quente no meu braço que descia como que um sol irradiante a queimar-me a pele, por dentro.

- Olá :) ouvi eu de uma voz doce e meiga ao longe... - Como estás? Senti eu de perto...

E a partir daí não ouvi mais nada. Respondi ás perguntas sem pensar e talvez da forma mais fria que podia visto que aquele calor não descongelava da minha boca a forma rude de falar mas adicionava-lhe sim um pouco de nervosismo.

Estava em transe. Os olhos directos adoçando a minha dor e o sorriso que discretamente iniciava na minha boca um termo parecido
tiravam de mim qualquer ponto de noção das coisas. Pensei tanto ao mesmo tempo que de repente despertei da paragem cerebral e me virei:

-Qual é o teu... (nome) ... e já tinha perdido na escuridão daquela luz a sombra que me tocara........

Corri no tempo e num instante me encontrava em casa, despi o negro, tirei as lágrimas, e foi na minha almofada que pensei durante horas sobre o que tinha acontecido. E a que conclusão cheguei? Que amor, não pode ter sido, que delírio também não. Talvez seja uma loucura vivamente delicada que tenha entrado pelo meu coração e deixado, em vez do espinho da rosa, a semente de um lírio...


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